Neste conto Tchekhov se desnuda. O médico é um profissional sacrificado, incapaz de evitar a morte de um filho doente, único e derradeiro, enquanto é obrigado a atender uma paciente mulher de um nobre rural e deixa a própria esposa angustiada velando pelo filho. Ao final o médico percebe ter caído em uma farsa de marido traído e forma uma firme convicção sobre aquela classe que cheira a perfume e não suor, odeia e despreza-os.
Além de uma análise sociológica, está a reflexão do artista:
"... naquele horror havia algo de atraente, comovedor, aquela beleza sutil, apenas perceptível, da aflição humana, que ainda se tardará a compreender e descrever, e que sómente a música, ao que parece, sabe transmitir"
O texto, a palavra, são incapazes de descrever e comunicar esta aflição humana, que talvez só a música seja capaz.
E a angústia da morte, presente em quase todos os contos, nos lembra
" Nunca se ama tanto os que nos são próximos como na ocasião em que estão em perigo de vida"
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